Procurar Laura pelo castelo estava sendo complicado, deixei Brunna e Regan sozinhas no corujal, entendia que a irmã dele nao queria minha ajuda mas isso nao me impediria de tentar. Eu havia falhado como amigo para Kieran, nao havia percebido seus problemas e nem procurei ir atras para saber, mas agora eu estava determinado a mudar aquilo. Abri as portas de Biblioteca e a dona Whingleton sorriu ao me ver, eu era seu aluno mais dedicado, nos tempos em que nao estava com Lillian ou meus amigos, eu estava aqui comendo livros. Apesar de nao imaginar que ela estaria aqui, era um dos poucos lugares que eu ainda nao havia procurado por ela.  Caminhei entre as estantes de livros e mesas ate chegar mais ao fundo da biblioteca onde pude ver as mechas loiras radiantes de Laura. Ai garoto... parece uma assombração  Ela disse quando eu surge ao seu lado em silencio, lentamente vou me sentando a sua frente enquanto me desculpo pela forma como eu cheguei. Desculpa, nao foi minha intenção assustar mas estava precisando falar com você. Eu disse em um tom calmo e baixo, nao queria que mais alguém nos escutasse pois nao sabia o quão segredo eles estavam mantendo tudo que aconteceu com o Kieran. O que foi problemas com minha maninha? Ela perguntou enquanto nem me olhava no rosto, mantinha seu olhar fixo no livro que ela lia sobre. Nao, eu e Lillian estamos ótimos, na verdade eu queria conversar com você sobre o Kieran. Eu disse e ela me encarou primeiro confusa, parecia nao ligar os pontos do que eu gostaria de falar sobre ele com ela. Nao sei nada sobre o Kieran, nao tenho o que oferecer... Ela desconversou, seu tom era impaciente, eu certamente estava atrapalhando ela em alguma coisa e ela obviamente estava nervosa com minhas perguntas.

Olhei em nosso entorno, Sofia estava focando e Garrett e outros alunos pareciam distantes. Eu estou sabendo do que aconteceu nas férias... Sei que Kieran... você sabe... e sei que você trouxe ele de volta. Eu disse nao querendo deixar as coisas muito claras para garantir que ninguém entendesse nossa conversa. Vejo a loira a minha frente arregalar os olhos, ela fechou o livro e olhou nervosa para os lados como eu havia feito antes. Nao sei do que esta fala... Ela tentou desconversar  se preparando para se levantar mas eu coloquei minha mão por cima da sua sobre o livro fechado, meu olhar era de culpa e eu queria ajudar em tudo que podia, nao queria ser rejeitado por ela também. Brunna me contou e eu quero ajudar, eu sei que ele esta diferente depois de tudo que aconteceu e sei que estão procurando descobrir o que deu errado e como resolver. Eu disse e soltei sua mão pois ela estava incomodada com minha invasão a seu espaço pessoal. Eu falhei com ele como amigo antes e nao quero falhar de novo, eu devo isso a ele! Se eu tivesse pelo menos avisado a ele que nao voltaria ao castelo, talvez ele... Eu comecei a me explicar mas parei pois no fundo ninguém queria saber minhas desculpas, nem mesmo eu queria ficar me justificando, eu havia errado e precisava aceitar. Eu só quero ajudar Laura, eu juro, serei uma cabeça a mais pensante na solução! Por favor, preciso fazer isso por ele. Eu disse finalizando e olhei a menina  aminha frente suspirar e voltar a abrir o livro que estava lendo antes e enfim começou a me responder.

Esperei ansioso pela resposta de Laura e quando ela concordou eu sorri me sentando a sua frente na mesa empolgado, ela me empurrou um livro enquanto contava sobre o que fazia com Rosalie antes dela sair do castelo, um pequeno sentimento de dor atingiu meu coração ao lembrar dela, que havia mexido comigo no corujal. Me lembrei de nossa conversa quando a menina a minha frente comentou sobre os "Caçadores", uma pesquisa que eu sabia que Rose havia feito. Voltei meu olhar para o que ela me mostrava e escutava ela afirmando que nao achará nada sobre eles em Hogwarts. Eu meio que discuti com Emily, e Adrien me odeia.. e eu não tenho autorização para sair da escola... e não posso pedir a meu pai. Ela diz e eu sou obrigado a concordar, ela tinha seus motivos mas estar brigados com eles naquele instante era complicado. Entendo, o clima esta bem tenso com  tudo que saiu, acho que também ficaria irritado por meu irmão. Comentei com sinceridade, o que havia saído no jornal era de se irritar qualquer um, a teia de mentiras em que o irmão de Laura estava era de se dar pena. Então vamos precisar ir escondidos até Mystic Falls. Ela disse e eu quase cai da cadeira, arregalei suavemente meus olhos e senti o pingo de nervoso me percorrer. Eu nao gostava de quebrar regras, quando criança me trouxe consequências dolorosas e eu evitava a todo custo me arriscar novamente. Podemos pensar em algo menos brusco, fugir da escola pode levar a nossa expulsão... Eu comentei falando em um tom mais baixo ainda desta vez, nao queria que alguém achasse que eu estava pensando em fugir do castelo.  Você ainda quer ajudar Kieran? Ela me cortou guardando suas coisas na mochila com uma atitude mais fria e impaciente, ela conseguia ser bem imponente. Engoli minha saliva e pensei em Kieran e na saudade que estava sentindo de ter meu melhor amigo de volta, na saudade de nossas conversas e nossos momentos juntos.

Claro que quero, eu só... Esquece, okk, vamos planejar e fazer. Eu disse por fim nao deixando que a  batalha dentro de mim se mantivesse por mais tempo, vi Laura sorrir contente e com isso ela se levantou da mesa se preparando para sair. Ótimo, vou te mandar uma coruja no melhor dia para isso ok? Ela perguntou e eu afirmei com a cabeça, me lembrando também mais uma vez de minha conversa com Rosalie no corujal. Ok... E eu sei que Rose guardava uma pesquisa sobre os caçadores no dormitório, vou tentar achar se ela nao levou embora. Eu comentei e vi o olhar de interesse de Laura, era uma pesquisa que ela nao tinha conhecimento. Boa, nos pode ser útil quando fugirmos. Ate daqui a alguns dias Vik. Ela disse começando a se afastar da mesa e eu acenei com a cabeça a acompanhando com o olhar, eu estava esperançoso, tinha fé de que conseguiria arrancar as trevas de Kieran, que trairia meu melhor amigo de volta. Sabe que entrar no dormitório feminino é proibido nao? A voz surgiu ao meu lado e meus olhos que estavam na loira que saia da biblioteca correram para a morena que estava ao meu lado com um sorriso no rosto. Proibido principalmente para os monitores que são os exemplos a serem seguidos. Ela diz em um tom irônico, e eu engoli um seco me perguntando o quanto de minha conversa com Laura, ela havia escutado. Cocei minha nuca nervoso e soltei um sorriso sem jeito, eu era péssimo em mentir, ainda mais mentir quando havia sido pego no flagra de algo. Sophia, eu nao tinha visto você ai hahahaha... Eu disse nervoso, desviava meus olhos do seu que eram intensos o tempo todo enquanto procurava uma boa resposta para dar.

Aquilo? Pff, era só uma brincadeira minha, jamais faria isso como monitor, e nao invadiria a privacidade das meninas, jamais. Eu disse, era uma verdade em parte, eu jamais invadiria a privacidade das meninas mas me arriscaria a somente o dormitório de Rose em prol de Kieran. Sei...Ela disse com um sorriso de quem nao acreditava em minhas palavras e ela deu as costas insinuando ir embora, eu nao sabia se aquilo era algo positivo ou negativo e o nervosismo começou a me correr. MAS! Eu disse e a vi parar em seus passos e aproveitei para continuar o que eu tinha em mente para dizer. Hipoteticamente falando...Se eu pedisse a uma menina inteligente para pegar algo de uma ex aluna nos dormitórios, femininos, se acha que ela faria? Eu perguntei a Sophia de forma indireta mas ela inteligente da forma que era, sabia que aquilo era direcionado a ela e eu esperava que "hipoteticamente" ela aceitasse meu pedido.

O coração batia mais acelerado enquanto eu caminhava pelos corredores, imerso em um mundo de dúvidas e incertezas. Os retratos nas paredes sussurravam segredos, dos quais eu não parava para ouvir. Enquanto as corujas sobrevoavam e ressoavam com as asas para levar uma mensagem aos seus donos. Barulhos estranhos, passos mais rápidos, risadas, gritos. Hogwarts sempre foi um lar acolhedor para mim, mas parece que isso mudou neste ano. A minha casa é a lufa-lufa, um lar, onde risadas sempre se misturam com os sons de móveis sendo arrastados e papeis sendo queimados. Meus colegas sempre compartilham histórias, sejam ela sobre a última aula de transfiguração ou da murta que geme que não sai do banheiro desativado. Por incrível que pareça não tenho medo de fantasmas, muito pelo contrário, eu adoraria papear com eles sobre como morreram. Essa energia não é algo totalmente bom, mas sempre sou alimentado pela curiosidade que fervilha dentro de mim. 

Atravessei os corredores iluminados pelas tochas, a expectativa crescendo em encontrar a biblioteca mais vazia naquela hora. O som suave dos meus sapatos se misturava ao ruído distante das conversas abafadas, enquanto ouvia com clareza o folhear dos livros. Ao puxar a pesada porta de madeira, fui surpreendido pelo aroma de livros antigos e velas derretidas. A biblioteca era um santuário de conhecimento, e cada estante parecia um portal para um mundo de magia ainda desconhecido. Por sorte, não estava tão cheia e isso me deixou mais animado. Amo estar nesse lugar. A bibliotecária estava sentada entre as estantes, com um olhar perspicaz que acompanhava cada movimento, assegurando a ordem daquele local. Eu, contudo, estava imerso em meu próprio mundo, ansioso para continuar a minha leitura fervorosa sobre o mundo das plantas aquáticas. Procurando uma mesa no fundo, perto da entrada da seção reservada. Antes de me sentar, peguei o livro certo. A capa desgastada indicava, de forma gentil, que havia sido muito usada. — Plantas mágicas... esse é o caminho certo para a minha pesquisa. — Sob a luz de uma vela, mergulhei na leitura. Cada página aberta era um convite para explorar os mistérios das plantas que habitavam o mundo bruxo.

A cada anotação efetuada, a sala silenciosa da biblioteca tornava-se mais viva. As velas brilhavam nas bordas do papel, proporcionando um espetáculo de sombras e reflexos.— Incrível como as plantas podem ser fascinantes. — Eu estava mergulhado, absorvendo informações como se fosse uma esponja mágica. Eu sabia que ali era um refúgio, um lugar onde a magia das palavras se misturava com a minha vontade insaciável de aprender. Enquanto revisava as páginas, me deparei com uma discussão que se desenrolava nas mesas próximas. A intensidade das vozes chamou a minha atenção, interrompendo o meu estudo concentrado. Dois bruxos, um da corvinal e outro da sonserina, aparentemente colegas de classe, travavam um debate acirrado a respeito da eficácia de certos feitiços.

Felizmente a discussão não durou muito tempo porque a bibliotecária deu um jeito de ambos calarem a boca. Seu olhar furioso e sua presença poderosa eram suficientes para sufocar qualquer batalha verbal que ousasse perturbar a paz da biblioteca. Com um movimento decidido de sua varinha, lançou um feitiço silenciador, envolvendo os dois bruxos em um momento de súbito silêncio. Em hogwarts é um tanto proibido o uso de magia contra os alunos, mas nesses casos, ninguém ligava. As suas vozes, que anteriormente eram ouvidas em tom de discussão, foram, de certa forma, suprimidas, dando lugar a expressões de surpresa e, talvez, um leve toque de arrependimento. Se eu fosse eles, teriam saído correndo. — A magia de uma bibliotecária vai além dos grimórios e feitiços... hahahaha. — O som da minha voz era baixo, mas acredito que não o suficiente. 

Com a saide de ambos do local, a paz reinou novamente.