Sorveteria Florean Fortescue

Naquela tarde após deixar o Ministério onde fui atender a um chamado de colaboração no departamento de obliviação uma vez que minha presença na Inglaterra aparentemente duraria mais tempo do que o esperado acabei encontrando a Mitchell, Elleanor. Nunca me acostumaria a chamá-la de Odinson mesmo porque ela nunca fez muita questão de usar o sobrenome materno, enfim a encontrei nos corredores do ministério e ela, sendo a Elleanor da qual me recordava, pareceu super empolgada com o fato de que eu permaneceria mais tempo na Inglaterra. Por isso, após deixar o ministério com a promessa de um encontro com Ellie fui buscar Ava na casa da sra Whitmey, mãe de uma colega de MACUSA (Erin).

Pretendia levá-la até a Fortescue para compensá-la por minhas reiteradas ausências, odiava ser o tipo de mãe que não estava presente (resquícios da minha vida até a chegada dos Peregrine), não suportava a ideia de que ela poderia se sentir abandonada, negligenciada.

Tão logo cheguei e a tirei das brincadeiras com criaturas fantásticas no meio da sala da sra Whitmey seguimos na direção da sorveteria - Me diga meu amor, como foi seu dia até agora? Desculpe a demora mas encontrei a Ellie... lembra dela? Então, encontrei com ela e acabei demorando mais do que gostaria mas... - fiz uma pausa dramática antes de continuar - mamãe promete te compensar pelo atraso... Vamos à sorveteria, que tal? Depois podemos fazer o que você quiser... - sim, eu era quase uma mãe Nutella que se culpava por precisar se ausentar com frequência. Lamentável, eu sei.

Chegamos a Fortescue escolhi uma mesa próxima a janela afinal Ava gostava de acompanhar o movimento em qualquer lugar onde estivéssemos e eu sabia que isso a deixava um pouco mais calma. - O que querer, Ava?

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Às vezes me pegava observando Ava e me chocava com a minha real capacidade de ter criado aquela garotinha tão esperta (para não dizer fofa). É claro que tive uma ajuda eventual de Alma e de todos os elfos que me ajudaram mas boa parte do tempo aconteceu comigo, sozinha. E eu nunca, nem nos meus maiores e mais megalomaníacos sonhos imaginaria algo assim, não com a infância que tive.

Observei ela contando sobre novos amiguinhos. Sorri, nisso era muito diferente de mim que era bastante seletiva nas minhas escolhas de deixar alguém se aproximar desde muito jovem. Ainda assim comentei - Novos amiguinhos? Que ótimo Ava! - enrolei uma mecha do cabelo dela e coloquei atrás da orelha enquanto ela respondia sobre "quem" eram os amiguinhos. Era mesmo muito cármico isso. Tão Odinson que seria irritante, caso não fosse minha filha.

-Eu quero um sorvetão grandão! - Ri diante da representação dela

- Tudo bem mas somente porque soube que você foi uma mocinha muito bem comportada hoje. - mas isso foi a brecha para ela emendar

-Quero outro livrinho de criaturas. Já conheço todas daquele livro que a tia Alma me deu de presente!

Pretendia responder com uma outra afirmativa quando Ava complementou fazendo meus olhos arregalarem.

-Quero uma criatura também. Um bichinho pra ficar comigo o tempo todinho!

Sinceramente de onde ela tirava essas ideias? Eram os genes Odinson dela, certeza! Entretanto, ao contrário da vida do pai dela, na nossa não havia qualquer chance de termos qualquer criatura de mediana a grande ou mesmo uma pequena já que... quem cuidaria? Eu não já que não tinha a menor vocação para lidar com criaturas mágicas.

Suspirei, detestava acabar com as ilusões dela mas "bichinhos" que não os de pelúcia não estavam nos meus planos - Ava, você sabe que agora não podemos ter nenhum bichinho, mas quem sabe quando você estiver maior? Podemos ficar com os dos livros agora - conclui enquanto a atendente servia o sorvete dela e o meu milkshake.

Ah, como eu detesto essa parte da maternidade, embora a considere super necessária.

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Seria eu uma péssima mãe por agradecer aos céus que o foco de Ava tivesse se voltado para o sorvete diante dela e não nas criaturas mágicas? Creio que não. Era apenas um ser consciente da responsabilidade que era criar uma criança e também uma criatura mágica ainda mais quando não se tinha um dom para isso - como era o meu caso.

Observei ela tomar o sorvete como se não houvesse amanhã e alertei - Meu bem... Ava... Tenha mais calma... - dito isso a escutei reclamar deduzindo que talvez pela avidez dela o cérebro tivesse congelado. Seguido a isso veio o choramingo que fez com que estendesse os braços na direção dela oferecendo colo.

- Vem, meu amor! Vem com a mamãe...- beijei a ponta do nariz dela e completei - Acho que já está bom de sorvete hoje não? - aguardei a resposta dela e então sugeri - Que tal irmos comprar seu livro novo? - dito isso, acenei para um dos atendentes e sem tirá-la do colo paguei nossa conta, deixando o estabelecimento em seguida a caminho da livraria.

Definitivamente, eu mimava a Ava demais. E não me culpava por isso.


{OFF: Deixaram o local}

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