Os últimos três anos da vida de Aurora tinham sido preenchidos com coisas surpreendentes para ela: uma evolução profissional considerável, já que ela teve mais artigos publicados para jornais renomados e indicações para prêmios importantes, havia sido premiada por prêmios relevantes no mundo bruxo também, mas outro aspecto de sua vida que tinha sido mudado, era o fato de que ela tinha criado uma amizade com Marie Stonkovick, a atual ministra da magia. Era curioso, nunca imaginou que isso aconteceria um dia consigo, parecia até uma fanfic. É claro, não podemos esquecer da atração que a Habsburg sentia pela mulher desde quando a encontrou no restaurante de seu pai e a conversa que tiveram, em meio a um prato de comida de seu pai. Ali, a editora do Profeta Diário sentiu-se com uma certa paz e em segurança, estava realmente feliz.

Quando recebeu o convite do jantar na casa de Marie, a mulher não demorou a aceitar. Nos três anos, tornaram-se comuns a presença da Habsburg na casa da ministra, onde ela aproximou-se dos filhos da mesma e quase sempre, ela trazia algum livro para Kiara. A aproximação com a Stonkovick se deu simplesmente de forma natural e a Habsburg dando conselhos que ninguém mais poderia dar, por possivelmente vínculos emocionais e por não a conhecer tão bem, muitas vezes ela tinha mais imparcialidade. Mas claro, o vínculo acabou se formando, ou aprofundando-se no caso de Aurora, que não se importava com aquilo. Um suspiro saiu dos lábios da alemã que ajustou a saia usada, colocando o celular e as chaves de casa em sua bolsinha, respirando fundo após recolher sua varinha.

Saindo de casa, aparatou perto o suficiente da residência da Stonkovick, para poder continuar a caminhada à pé e não demorar muito, com um sorriso mínimo, batendo na porta da casa, assim que chegou, mandando uma mensagem para uma de suas amigas e funcionárias, Alina, que desejava-lhe sorte no que aconteceria naquela noite. Era muito difícil para alguém ver Aurora nervosa, ou ela admitir. O sorriso alargou-se quando Marie abriu a porta, com a Habsburg adentrando a casa, seguindo-lhe para a cozinha.

— Você lembra tudo o que eu te falo, é? — Provocou, com um sorriso quando a lasanha foi mencionada. Um gesto negativo escapou da cabeça da alemã, em relação ao vinho. — Ainda não. Eu saí do trabalho faz duas horas, você devia ser responsável, ministra, espere dar três horas que eu saí so trabalho pra me embebedar. — Num tom falsamente ofendido, comentou. — As crianças? — Que elas não estivessem, ou estivessem no quarto. Mentalmente, Aurora rezava, mas a resposta lhe fez suspirar aliviada, esperava que Marie não notasse isso. — Como anda as coisas no trabalho? — Questionou, preocupada.

Aurora tinha prometido a si mesma: não usaria nunca daquele vínculo que tinha com Marie para lhe beneficiar no trabalho, soava tão errado para si, quanto uma traição, ela supunha.

— Você deve saber que eu não faria ou falaria nada pra você mudar de ideia do que você está decidida, mas eu tenho que perguntar. — A alemã fez uma pausa, ajustando-se sobre o assento onde ela estava sentada. — Você se arrepende? Digo, não de se afastar do posto de ministra e descer para vice, você está tão certa disso, quanto meu pai quando ele pediu a Sienna em casamento há alguns anos. — O comentário deixou um sorriso visível ao rosto da Habsburg, ela amava seu pai e adorava sua madrasta. — Você se arrepende de ter aceitado o posto de ministra, ao longo desses anos? Marie, você era chefe dos aurores, uma das mais bem sucedidas e reconhecidas, eu ouvi histórias de funcionários do Mungus, ou do Ministério sobre isso. Quando você me disse que iria renunciar do cargo de ministra, não nego, achei que você preferiria voltar pra ação, pra vida de auror, não uma vida de burocracia. — Aurora confessou.  

Quando Marie mencionou que os papéis da transferência haviam sido entregues, uma feição surpresa estava presente ao rosto da editora chefe, Aurora particularmente não achava que seria algo tão rápido assim. Um sorriso voltou a aparecer, quando ela percebeu que aquele arranjo deixava Marie feliz. Era a única coisa que importava para a alemã naquele momento, o resto? Ela poderia ver com o tempo, ela supunha. O apreço que a Stonkovick sentia pelo amigo era notório ao tom de voz da mulher e com certeza, era curioso. Aos três anos que se passaram desde que as mulheres se conheceram, a Habsburg via o quão afetuosa a atual ministra podia ser com aqueles que eram próximos de si e à devoção que ela tinha aos filhos. Aquilo deixava a jornalista feliz. Um suspiro escapou sobre os lábios da morena, ainda estudando Marie com cuidado, a observando de modo que cantasse se possível, suas micro expressões.

— Bom, como jornalista eu posso dizer que: espero que ele seja um ministro competente, ou eu vou fazer questão de criticar o governo dele, já que é meu trabalho ou criticar ou elogiar de maneira imparcial. E como Aurora, a mulher que está aqui com você, espero que ele tenha sucesso. — Aurora comentava, com um pequeno sorriso.  

Aurora notava a distração de Marie, e isso a fez se levantar, aproveitando para ir até o fogão, para olhar a lasanha. As vantagens de ser filha de um dono de restaurante lhe eram evidentes: ela sabia reconhecer quando algo estava no ponto, já que durante toda sua vida, ela sempre estava na cozinha quando Oliver Habsburg cozinhava alguma coisa. Alguns minutos se passaram e os olhos escuros da jornalista transitavam entra o fogão e a mulher que ainda estava distraída, quando um barulho de timer soou. A Habsburg chamou a atenção da Stonkovick, que lhe pediu ajuda para colocar a mesa e prontamente, Aurora se colocou a fazer aquilo, atravessando a cozinha alheia com precisão, já que ela sabia onde tudo se localizava ali, e não demorou muito. Sentada na mesa, observou Marie servir ambos os pratos, e um sorriso estava presente aos lábios da alemã.

— O que você pretende fazer primeiro como vice-ministra? Digo. Você disse que quer trabalhar em aspectos sociais e culturais, mas Marie, você tem uma ideia para isso? O Foster Home foi uma ideia marcante, e você merece ter um impacto maior nessa área do que quem você matou para proteger o mundo bruxo. — Aurora pontuou.