Caminhava pelos corredores de Hogwarts imerso em meus pensamentos, claro, todos sobre Astrid, na verdade sobre nosso encontro no topo da torre de Astronomia, havia me confessado, havia conseguido lhe dar um beijo, tudo havia sido simplesmente perfeito, mas nós dois sabíamos que havia muito o que conversar de fato, quer dizer eu me confessara e queria ficar somente com ela, mas a onda de emoções fora tanta que acabei não conversando isso com ela, na verdade eu apenas me entregue ao momento, o que era engraçado e estranho tendo em vista que normalmente eu ditava o momento, mas a verdade é que Astrid era diferente, eu era diferente com ela, algo que simplesmente tinha absoluta certeza mas, no fim, após nosso encontro, simplesmente não consegui ter um momento com ela novamente, não por que daquela vez ela estava fugindo de mim ou coisa assim, eu simplesmente não a tinha visto, mas ao contrário da última vez em que procurei por ela e não encontrei, daquela vez eu me sentia estranhamente calmo.

Claro, queria encontrá-la e  conversar com ela de forma mais clara daquela vez, deixar claro que, como gostava dela, estava disposto a ser melhor por ela, para isso, antes, tínhamos que formalizar de uma forma real o que ocorrera no topo da torre de Astronomia e, para isso, precisava encontrar Astrid e dizer que queria somente ela, algo que também iria precisar comunicar para mais algumas garotas, dentre elas Regan e Lyra, embora talvez Lyra nem tanto já que pelo visto Garrett trocara Lillian por ela, o que era curioso, já que nunca tinha reparado em um interesse nela por parte dele e, como amigo, achei que o Garrett teria comentado o interesse pela garota, bom, fosse o que fosse, desejava felicidade, afinal, se Garrett estivesse com Lyra era menos uma doida para lidar.

Enquanto passava próximo ao museu de Hogwarts ouvi um barulho estrondoso, não tão estrondoso na verdade, mais alto o suficiente para gerar certa curiosidade sobre o que estava acontecendo dentro daquele cômodo que vivia praticamente vazio, então, curioso com o barulho, resolvi desviar do meu caminho habitual e dirigir-me em direção à porta.
Ao entrar no museu dei uma olhada rápida ao redor, mas minha visão se concentrou em um garoto que mantinha suas mãos ao redor do pescoço de Regan, seus olhos desafiantes se encontraram com os meus e imediatamente senti uma raiva começar a crescer dentro de mim. Aconselho a tirar as mãos dela antes que eu acidentalmente arranque seus braços. Consegui articular palavras entre dentes cerrados.

Ao contrário do ataque anterior, onde Adora me dissera sobre Kieran estar sob o controle de uma maldição, me pedindo para não atacar e matar o garoto, algo que prometi que não faria a contragosto, dessa vez, não tinha ninguém me pedindo para não estrangular o garoto na minha frente. Meus olhos fixaram-se no rosto dele, minha respiração tornando-se mais rápida e pesada, o garoto ainda mantinha sua mão no pescoço de Regan, simplesmente ignorando meu pedido e minha presença. Tá surdo? Desviei rapidamente o olhar para Regan com as vestes rasgadas e a asas à mostra, para algo como aquilo acontecer certamente o garoto tinha passado bem dos limites, de maneira que senti meu autocontrole vacilando, o sangue pulsava em minhas veias, minha fúria ameaçava estourar em qualquer momento. Certo... Já que parece que você não compreende bem quando alguém está sendo educado, vamos tentar de novo?

Com um sorriso sombrio e macabro,  ergui o cotovelo e bati com força em uma das prateleiras de troféus, quebrando a vidraça, tomei um dos cacos de vidro e apertei-o firmemente, mesmo sentindo a pele cortar ao contato com a lâmina de vidro o ódio e a fúria fluíam através de mim, me fazendo ignorar qualquer outra coisa que não fosse a vontade de matar aquele merda. Dei um passo na direção do garoto, minha mão estendida para o lado, meus olhos fixos no pescoço dele. Solta o pescoço dela e vaza. Minha voz saiu grave. Ou então garanto que vou deformar tanto sua cara que nem você vai ter coragem de se olhar no espelho novamente. Senti meu corpo inteiro vibrando em puro ódio, uma ira incontrolável, pronto para atacar se o garoto não cedesse, sentindo cada fibra presente em meu corpo gritando para rasgar a garganta dele.

Encarava Enric com um ódio ardente, minha mão cerrando ainda mais a lâmina de vidro, o sangue escorrendo pela lâmina, um caminho da minha mão até a ponta da lâmina e então pingando no piso de pedra, mas não havia dor, havia apenas um ódio implacável, dei mais um passo na direção de Enric, que parecia simplesmente ignorar meu educado pedido para vazar de perto de Regan, não que aquilo fosse um problema, se Enric insistia em segurar o pescoço de Regan tudo que tinha que fazer era arrancar dedo por dedo daquele verme, dei mais um passo na direção dele e então Enric deu um passo para trás, soltando o pescoço de Regan, fazendo ela bater delicadamente mais uma vez contra a parede, senti meu corpo estremecer, como se estivesse prestes a perder o controle e cravar a lâmina de vidro em Enric. Nao tem por que essa agressividade toda. Talvez tenhamos nos deixado levar pela emoção, não é Regan? Ele disse levantando as mãos em um gesto de rendição, mas mantendo o sorriso esnobe, fingindo desentendimento sobre o que ele estava sendo acusado.

A voz do garoto quase não era ouvida por mim, já mal conseguia controlar o desejo de ver o sangue daquele merdinha escorrendo, mas ainda assim mantive-me firme, apenas encarando o garoto se afastar de Regan e começar a ir embora, porém quando o garoto passou por mim e bateu no meu ombro com um sorriso soberbo, senti meu corpo se mover sozinho, me virei, encarando as costas do garoto, a mão com a lamina se ergueno em um mecanismo automático, meus olhos fixos na nuca do garoto, seria um golpe limpo e o sangue escorreria, um sorriso surgiu em minha face a medida que minha mão se erguia e descia na direção da nuca do garoto. Ethan. A voz de Regan encontrou meus ouvidos e meu movimento parou, meus olhos apenas encarando o garoto se afastar, sentindo meu ódio e frustração nas alturas. Ninguém sentiria falta dele e aposto que conseguiria me livrar do corpo fácil fácil. Resmunguei entre os dentes, mas era quase como se estivesse falando comigo mesmo.

Olhei para Regan, vendo o medo em seus olhos, minha cara ainda estava fechada, mas então respirei fundo, sentindo a raiva ainda pulsando em minhas veias, mas tentando controlar a ira, ou pelo menos amenizar minha face, sabia que precisava me conter, não podia deixar a fúria cegar-me, especialmente quando Regan estava ali, precisando de minha proteção, soltei um suspiro pesado e arremessei a lâmina de vidro no piso, assistindo-a estilhaçar em mil pedaços, retirei minha capa e caminhei até Regan, os músculos ainda tensos, a mente fervilhando com pensamentos sombrios. Você está bem? Ofereci a capa para que ela cobrisse suas asas e costas, mas por dentro, uma voz insistente sussurrava em minha mente, alimentando a chama da ira.

Fechei a cara, aquela era a segunda vez que alguém machucava ela e eu não fizera merda nenhuma, aquele sentimento de impotência me irritou, eu estava claramente ficando mole, fraco, quase um animal domesticado, um pensamento que me inflou novamente. Não deveria ter me impedido de matá-lo. Disse com frieza, não seria a primeira vez que havia feito aquilo e sabia que não teria qualquer tipo de sentimento ruim se tivesse matado aquele merda ali, meu olhar encontrou os dela, buscando encontrar algum vestígio de concordância, se sentisse que ela não se importaria com a ideia de derramar sangue daquele merda eu o mataria sem qualquer remorso.

Por um instante o silêncio pairou entre nós, apenas o som distante do castelo ecoando pelos corredores, aguardei qualquer sinal de confirmação dela, meu coração batendo forte no peito, o ódio ainda pulsando em minhas veias, mas aquele sinal não veio, soltei um suspiro pesado, pelo visto continuaria a ser uma criatura mansa, algo que me irritou novamente, mas decidi apenas controlar minha cara e fúria naquele momento, então, com um gesto gentil, coloquei a capa sobre os ombros dela. Você precisa escolher melhor seus amantes delicinha... Nem todos são tão amáveis como eu e certamente nenhum tem a mesma disposição. Disse forçando um sorriso, tentando amenizar um pouco a situação, escondendo o melhor que podia a raiva.

Soltei um suspiro pesado, minha mente gritando para que eu deixasse Regan ali e fosse atrás de Enric e o matasse, ou pelo menos arrancasse os dedos daquele verme que ousara tocar nela, mas eu mantinha-me firme, controlado, mesmo com minha mente berrando que eu era um fraco, frouxo. Você é o único que presta, Ethan, mas é muito disputado, acabo precisando abaixar um pouco meu nível. A voz de Regan alcançou meus ouvidos, desviando meu olhar para ela.

Soltei outro suspiro, um pequeno sorriso surgindo em meus lábios. Pelo visto estou falhando com você como amante e amigo... Uma vergonha da minha parte. Passei levemente a mão em seus cabelos, fazendo um carinho. Vou ter que me empenhar e melhorar em uma das duas áreas então. Embora minhas palavras tivessem um tom brincalhão, era reais, realmente precisava melhorar, aquela ra asegunda vez que Regan se encontrara em perigo, mas claro que a frase era mais voltada para a parte do "amigo", já que por mais espetacular que Regan fosse, não poderia nem iria trair Astrid, mesmo que não tivéssemos nada oficial ainda, minha mente deixava claro que já estava comprometido com ela.

Falando em péssimas escolhas amorosas... Está sabendo que Astrid vai ter um encontro em Hogsmeade? Ela vai sair escondida com um tal de Riley. Minha mão pausou no carinho que fazia nas madeixas loiras de Regan, meu coração parecia bater mais lentamente, processando aquela informação, claramente havia algo errado ali. Franzi levemente a testa, tentando entender se tinha ouvido corretamente, mas os olhos de Regan confirmavam a veracidade, como diabos Astrid podia simplesmente ir a um encontro após o que rolara entre nós? Desviei levemente meu olhar. Você está bem com isso? A voz de Regan trouxe-me de volta à realidade.

Senti minha raiva retornar, desta vez por outro motivo que não fosse Enric, desta vez por Astrid, tentei entender o que significava aquilo, mas havia uma explicação simples, talvez o sentimento não fosse igual para os dois, franzi a testa, tentando manter a expressão calma. Se ela acha que está segura, quem sou eu para impedir? Disse tentando disfarçar a raiva em minha voz, mas a imagem de Astrid caminhando ao lado de Riley invadiu minha mente. Mas não confio nesse tal de Riley. Completei quase automaticamente, num senso de proteção misturado com raiva, mas ainda assim proteção, claro, ainda sentia raiva por aquilo, se fosse verdade então o topo da torre de Astronomia não significou nada para Astrid.

Quando Regan perguntou se eu estava com ciúmes, inclinando-se um pouco mais perto de mim, respondi sentindo uma certa frustração crescer. Por que eu estaria com ciúmes quando tenho a mais bela de Hogwarts nos braços? Respondi tentando disfarçar meus sentimentos, mas a frustração crescia. Só não quero que ela se meta em problemas. Conclui, mas minha cabeça estava a mil, pensando, analisando, me perguntando a cada instante se o que Astrid e eu tivemos era apenas algo para mim, afinal, ela beijara Derek e disse que não significava nada, talvez fosse verdade, talvez estivesse brincando comigo também e nossos beijos não significaram nada.

Ah, claro, então por que não vai atrás dela em Hogsmeade? Certifique-se de que Riley não será como, não sei... Enric, por exemplo. Lancei um olhar irritado para Regan, agora imaginando a possibilidade de Astrid passar por uma situação como a de Regan. Nesse caso ninguém me impediria de matá-lo. Disse com uma frieza absurda, mas então apenas desviei o olhar, claro que mataria Riley se ele passasse dos limites, mas minha cabeça ainda ia e voltava na questão de Astrid ter aceitado ir a um encontro logo após tudo que ocorreu entre nós, aquilo não fazia sentido algum.

Respirei fundo e encarei Regan, tentando normalizar minha expressão, mas sabia que seria impossível. Vamos embora? Perguntei encarando-a. Acho que não será legal se pegarem nós dois... Até porque, se forem pegar a gente, espero que seja em uma situação mais divertida e que quem nos apanhe seja outra garota. Disse com um sorriso, mas minha mente ainda fervilhava com pensamentos sombrios sobre Astrid e Riley, sabia que precisava manter o controle, mas a sensação de impotência e traição era quase insuportável. Levantei-me e ajudei Regan a se levantar, ela começou a tirar a capa para me devolver, mas lhe lancei um olhar sério. Que merda tá fazendo? Ela me encarou sem entender. Você vai com ela para sua comunal delicinha... Ou acha que deixaria meu xodozinho sair por aí com vestes rasgadas? Disse encarando-a com firmeza.