Sala de Estar

palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia

Kall at Queen of Graphics

Estava difícil me acostumar com o conforto de minha cama, com a segurança de minha casa. Tomo um banho e coloco uma roupa confortável. Por conta de tudo que aconteceu eu havia sido liberada para trabalhar em casa, mantendo Robert no controle do esquadrão, não me agradava a ideia, mas infelizmente ele era bom no que fazia então com os aurores eu não precisaria me incomodar.

Pego minha pasta com documentos ministeriais e vou para a sala de estar. Gostava de me sentar no chão, e trabalhar na mesinha de centro. Eu até poderia fazer isso em meu escritório, mas ele era pequeno de mais e me lembrava da cela minúscula em que estava confinada a meses por isso um lugar amplo e arejado era o que eu estava escolhendo no momento.

Abro meu laptop e começo a analisar os relatórios de todos as apreensões, e prisões que ocorreram enquanto estava fora. Também veio, acredito que por engano de Robert, o relatório sobre o meu caso. Decidi que não o iria ler. Deixei ele de lado enquanto continuava a revisão a pilha de não solucionados.

Havia um rapaz que havia sido encontrado morto alguns dias depois de eu ser capturada, seu corpo tinham sinais de tortura e decapitação. Este foi um relatório feito por Folcault, pai de Tiphaine. Leio minuciosamente tudo que estava descrito, mas não haviam brechas, e única coisa que tinha de informações era que o rapaz era um norueguês. Fecho o arquivo.

Meus olhos logo se voltam para a minha pasta. Eu havia decido que não a leria, mas eu estava curiosa para saber o que estava dentro dela. Me levanto indo até a cozinha e pego uma xicara de café. Volto para a sala. Sento em meu sofá encarando a pasta, até que por fim eu a abro.

Leio todo o arquivo. Eles se deram conta de meu sumiço algumas semanas após o acontecido, quando Nathalie fora ao ministério roubar a horcrux de Darligulv. O que ocorreu na mesma época em que Emily fora levada para o esconderijo. Um mês.

Sem me dar conta varias lembranças começam a retornar a minha cabeça. Torturas sofridas, o tempo que passei sem comer, a conversa que tive com John. JOHN. Seu nome é gritado pelo meu consciente. Quando vejo a xicara de café despenca de minha mão e se espalha pelo tapete branco de minha sala. Não me importo com isso, em minha cabeça vinham as imagens de John. Em Azkaban quando se deu conta de que eu era a copia cuspida e escarrada de minha mãe, mas meus olhos eram seus, mesmo que com a diferença na coloração de minha íris, ainda eram seus.

Desejo com todo o meu ser que as lembranças daqueles quatro meses saiam de minha cabeça e desapareçam. Que sumam e jamais retornem, mas o meu desejo não é atendido. A voz de Alex e Nathalie surgem em minha cabeça. “você matou meu filho” “meu irmão” as duas diziam, me culpando pelo morte de James, anos atras, na batalha de Hogwarts. Sinto meu coração apertar, já não conseguia respirar. Cada puxada de ar que eu dava parecia não ser o suficiente para levar oxigênio para todas as partes do meu corpo que ansiavam por ele. Me encolho em meu sofá abraçando minhas pernas, enquanto ainda escuto vozes de todos os comensais em minha cabeça. Lilith, Eliot, John, Seraphim, Alex e principalmente a de Nathalie. Todos aqueles pensamentos, e lembranças estavam me sufocando, eu queria gritar, o mais algo que podia. Minhas mãos logo estão em meus ouvidos e em um segundo eu sinto algo me chacoalhando, meus olhos fechados, firmes. – MARIE! – me assusto com o grito e abro os olhos. Vejo Nathaniel em minha frente. Fico confusa sem saber o que fazer, falar, e sem mesmo saber se era real ou se era algo que minha cabeça também estava inventando.

Recupero aos poucos a calma, assim como a respiração e olho em volta da minha sala, coisas quebradas, destruídas. Coisas que eu não me lembrava de sequer ter tocado nelas. Recupero meu folego e volto a olhar Nathaniel. – é.. Oi – finjo estar bem, o que é claro que não iria funcionar. – O que... o que faz aqui? – pergunto com calma, de desvencilhando de seu olhar.

Respiro fundo e com começo a acenar a minha mão, pensando nas coisas que podia consertar, e com magia iam se concertando. “accio vassoura e pá” pensei apontando para a pequena área de serviço que tinha ao lado da cozinha, logo vassoura e pá estavam a postos. Com um outro encantamento deixo os utensílios ajeitarem parte da bagunça que fiz, aparentemente. – Então. – Digo nervosa voltando minha atenção para Nathaniel. – quer alguma coisa? Água. Café? - sinto seu olhos avaliarem todos meus movimentos, até que logo ele se pronuncia.

Where the fucking hell were you?/ Marie - Lilith - John - Eliot - Emily - Nathalie - Alex - Nathaniel

Recomeçando Juntos

Seria um fim de turno comum se meu cérebro nao estivesse em outro mundo relembrando o que aconteceu há uma semana atrás quando duelamos contra os comensais para recuperar duas vitimas de sequestro sendo uma delas nossa auror chefe e a outra de uma família importante. Foram momentos de muita tensão e horror, jamais pensei que ficaria afetado pelo estado em que encontrei Marie naquele ritual interrompido na metade.

Saio do esquadrão dos aurores sem olhar para muitos apenas deixando minha mente vagar pelas memorias. Coloco minha mão no bolso da calça para me preparar para entrar nas chamas verdes mas paro ao sentir algo entre meus dedos, puxo o item percebendo ser o anel que peguei da sala de Marie para encontra-la. Nesse momento relembro o estado vulnerável em que encontrei minha chefe a uma semana atrás, engulo um seco e afasto a memoria focando mais uma vez no anel. Guardo ele novamente no bolso e atravesso as chamas.

Chego a uma rua bem residencial de Londres, depois de tudo me certifiquei de saber o endereço de todos aqueles possível de serem alvos de comensais no futuro.  Paro em frente a porta da casa de Marie e me preparo para bater de leve em sua porta quando um barulho de dentro me chama a atenção. Chamo por seu nome duas vezes mas apenas recebo em retorno mais barulho de coisas quebrando e caindo. Sem pensar duas vezes eu saco minha varinha e aponto para a maçaneta de sua porta.

Digo abrindo a porta e encontro de imediato Marie no centro de sua sala de estar e ao seu redor um enorme campo de força de pressão magica quebrando tudo ao seu redor. Ela encolhida em um canto com as mãos no ouvido, identifico um ataque de pânico e corro ate ela forçando um pouco para passar pela pressão magica a sua volta e me ajoelho a sua frente colocando minhas mãos com cuidado sobre as suas e tirando elas de suas orelhas.

Falo e a pressão magica ao nosso redor começa a diminuir ate sumir e Marie a minha frente parece voltar a realidade da situação com as bochechas avermelhadas percebo que ela deve se sentir constrangida e trato de tentar transparecer que nao estou nem um pouco sem graça com a situação. Pelo contrario estou feliz de poder ter presenciado pois agora sei que ela nao esta bem e preciso ajudar mais do que nunca.


Falo olhando Marie em seus olhos, estava com meu coração apertado em vê-la daquele jeito, ninguém merecia passar pelo que ela passou, principalmente alguém como ela, com um bom coração.

Pergunto sorrindo  e tentando por um pouco de humor que tire ela daquela badvibe que veio recorrente de seu trama da semana passada. Ela sorri e solta uma leve gargalhada o que era minha intenção e eu sorrio olhando em seus olhos da cor do mar e espero ela me responder.

Recomeçando Juntos- Trama Pessoal - Casa de Marie

Nathaniel estava me encarando com seus olhos verdes. Ele havia visto o descontrole de minha magia, o descontrole que eu me encontrava. Eu baixo minha cabeça por dois segundos e em seguida eu volto a olhar Nathaniel, por fim sorrio vendo que ele estava falando sério, e não me contento com seu rosto e gargalho. – Podemos pedir a pizza... – eu digo entregando a ele o telefone que estava ao lado do sofá ainda intacto. – Você pede enquanto eu organizo... e salvo o que tenho que salvar por aqui – peço e ele pega o telefone e começa a discar o numero.

Deixo meus olhos observarem Nathaniel por alguns minutos enquanto ele fazia o pedido no telefone. Ele fora o único que havia vindo me ver na ultima semana depois do  resgate em meio ao ritual. Sorrio e volto minha atenção as coisas que havia destruído, minha habilidade de avaradora era boa em situações como essa, eu não precisava me esforçar muito, mas sentia o cansaço em minha mente por manter o feitiço tanto tempo em uso. Ajeito algumas coisas como a mesa que estava torta e algumas fotos  que tinha abaixo da televisão no suporte. – Vai me dizer o que aconteceu? – ouço a voz calma de Nath soar pela sala.

Eu olho para minhas mãos e volto a me sentar no sofá, aponto o espaço vago para que ele faça o mesmo. – Eu fiquei naquele lugar por quatro meses. E eles não me pouparam de torturas. O que mais fizeram foi isso. Eu desertei durante a batalha de Hogwarts, deixei os comensais e quando voltei para Londres, voltei como inimiga deles.... Eles guardam magoas. – sorrio sem graça. – As torturas destrancaram memórias que eu levei muito tempo para esquecer e agora elas se juntam com as memorias das torturas. Hoje eu não consegui controlar e aconteceu o que você viu. – eu disse sentindo um pouco de vergonha, por mostrar a vulnerabilidade em que me encontrava. – é difícil me acostumar com tudo de novo, o conforto, o trabalho a rotina... volta a ser tudo novo de novo. – eu respiro fundo e espero que o homem diga alguma coisa.

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Recomeçando Juntos

A oferta de uma pizza era apenas para quebrar nosso gelo, ter um reencontro depois de todo o acontecido em uma situaçao dessa podia ser bem constrangedor e nao quero que Marie se sinta assim, depois de quatro meses nas maos do comensal era obvio que cicatrizes marcariam a mulher a minha frente e no que eu pudesse evitar seu sofrimento a mais eu iria.

Diz e eu nao me oponho pego seu telefone discando para o numero de uma pizzaria trouxa que conheço muito bem, nao que eu vivesse passeando por Londres mas havia um dia comido por aqui com um ex colega de escola bruxa. Enquanto disco observo Marie com apenas um aceno de mão fazendo com que as coisas que caíram ao chão com sua magia que ainda estavam intactas voltassem para seu lugar de origem. Nao deixo de admirar seu poder impressionante, eram poucos avaradores com quais eu tive contato em toda minha vida e a morena a minha frente era a mais forte que havia conhecido. Em meus pensamentos reparo como apesar de quatro meses nas mãos dos comensais, Marie continuava bonita, se fosse eu estaria um caco penso desviando o olhar quando alguém do outro lado da linha finalmente atende.

Peço pensando em duas possibilidades de sabores para evitar que eu escolha um que Marie nao goste, me viro para ela e nossos olhos se encontram, pela primeira vez a olhando sinto algo diferente, uma pequena aceleração do coração mas deixo de lado meu pensamento quando a moça do telefone volta a conversar comigo. Termino de fazer o pedido dando o endereço de Marie para a entrega. Desligo o telefone e me viro novamente para a morena a pizza estava a caminho agora era vez de Marie por para fora o que estava acontecendo.

Pergunto em um tom calmo, quero saber o que causou o ataque de pânico mas ao mesmo tempo nao quero que ela se sinta pressionada por mim a falar, dou a ela o tempo que precisa e a vejo se sentar no sofá me convidando a acompanha-la. Fazia longos anos desde que ficara tanto tempo com uma mulher sozinha, ainda mais uma mulher bonita como Marie. Engulo o seco sentindo um pouco de nervoso mas caminho e me sento ao seu lado, preciso pensar primeiro no que ela precisa e nao em bobagens de um adolescente. Dou todo o tempo a Marie para que ela se sinta confortável e quando ela começa eu escuto em silencio, minhas expressões entregam minhas surpresas em relação a o tempo de tortura que ela sofreu, a cada palavra que sai de sua boca eu admiro mais a mulher ao meu lado, suportar tudo que ela suportou sem perder a sanidade... É algo para poucos penso.


Falo e vejo Marie me olhar um pouco seria, conhecendo ela do tempo de trabalho sei que ela detesta que sintam pena dela e eu nao estou sentindo mas se fosse eu em seu lugar, iria precisar de um tempo para processar quatro meses de tortura. Solto um pequeno sorriso amistoso a ela tentando mostrar que minha inteçao nao é ter pena dela

Digo com sinceridade, posso ver em seu olhar um tom de surpresa, talvez por nao esperar que eu dissesse aquelas palavras a ela, nao sou alguém que elogia muito os outros mas com ela era impossível nao elogiar vendo toda sua trajetória. Coloco minha mão sobre a sua fazendo com que ela pare de olhar para o chão e olhe para mim, de primeiro fica um silencio entre nos dois mas eu engulo um seco e sorrio.

Digo mantendo minha mão sobre a sua, no momento em que fiz o gesto nao se passou nada pela minha cabeça mas agora sentindo o calor de sua mão misturando-se a minha de certa forma fazia meu coração pular alguns batimentos. Logo a morena me olha e responde

Recomeçando Juntos- Trama Pessoal - Casa de Marie

Olho séria para Nathaniel, apesar de saber que suas intenções são boas e que de fato havia voltado muito cedo ao trabalho eu sinto como se aquele comentário fora me dado enquanto o homem sentia pena de mim e isso me incomodou um pouco, me ajeito no sofá ficando de frente para ele.

Penso, mais uma vez, no que passei durante os meses e não que fosse normal me sentir daquele jeito, mas algum sequela de toda a tortura teria que permanecer. — Consigo ver que esta levando meu conselho como um conselho de pena, mas nao é. Você nao precisa de pena de ninguém, você é Marie Stonkovick, ex-comensal e agora auror chefe de um esquadrão inteiro no Ministério. É a mulher mais forte que já conheci em toda minha vida. – Nathaniel voltou a falar logo dizendo que seu comentário estava livre de pena. E por fim sorrio, ele parecia estar conseguindo ler meus pensamentos. Sinto minhas bochechas ficarem ruborizadas ao ouvir seu elogio, era algo que não esperava de fato.

Apesar de trabalharmos diversas vezes juntos, era a primeira vez que conversávamos fora do trabalho, sobre coisas que apesar das circunstancias envolviam muito mais que o ambiente do Quartel General. Desvio meu olhar de seu rosto e passo a encarar o chão. Sem saber o que dizer. Sinto meu coração com batidas rápidas, como se fosse a qualquer momento parar ou saltar pela boca. Quando sinto a mão de Nathaniel tocar a minha meus batimentos de aceleram ainda mais e levanto meu olhar para encontrar seus olhos.

Seu movimento repentino me pegou de surpresa, mas era de um jeito bom. Pela primeira vez, enquanto escuto Nathaniel falar, deixo meus olhos percorrerem seu rosto, suas feições. Como sua mão por cima da minha me fez ficar nervosa e de certa forma inquieta, e seus olhos nos meus me davam conforto, como se nenhum ataque sequer tivesse acontecido. Era tudo muito calmo. – Acho que tem razão... talvez eu tenha voltado muito rápido com tudo. Mas a ideia de ficar para é ainda pior. – mexo minha mão, de forma que meus dedos se entrelacem com os de Nathaniel – Eu não tenho outros lugares para visitar, ou família em qualquer outro lugar. Por fim terei que me contentar em achar algo para fazer em Londres. – Sorrio, de verdade, por alguns segundos até que posso ouvir um buzina fraca. – Acho que nossa pizza chegou. – eu me levanto antes de Nathaniel, mas antes quando vejo ele esta em pé, em minha frente. Ainda com os dedos entrelaçados. Desço o olhar sem graça até nossas mãos e as desato com delicadeza. - Eu... é você pega a pizza e eu o vinho?... – pergunto sem ter certeza do que exatamente estava saindo de minha boca.

Assim que ele concorda e caminha até a porta eu respiro fundo, procurando por todas as partículas possíveis de oxigênio. Caminho até o armário na cozinha pegando um vinho tinto que tinha e duas taças. Apoio a garrafa e as taças na mesa de centro da sala enquanto Nathaniel põe a caixa de pizza próximo do vinho. – Obrigada por ter vindo hoje – eu digo entregando a ele uma das taças já servida. Sorrio para o homem, deixando que nossas mãos se toquem mais um vez enquanto eu entrego a taça para ele.

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Recomeçando Juntos

Meu coração da um pulo de surpresa quando sinto Marie entrelaçar seus dedos aos meus, eu estava vendo um lado diferente da mulher a minha frente, por meses a olhava com olhos de um empregado e sua chefe, uma mulher poderosa que eu não me atrevia a nem dar um abraço e agora eu estou aqui com meus dedos entrelaçados aos seus e o mais surpreendente é estar mexendo intensamente comigo esse momento.

Falou e aquilo me doeu, também não tinha família, meus pais haviam morrido a alguns anos em acidente e meu único familiar, um primo distante eu não o via desde que era uma criança penso me identificando com Marie em relação a estar sozinho em uma enorme cidade como Londres, era solitário mas eu estava a tanto tempo assim que acabei me acostumando. Eu estava para dizer a morena que por mais que ela se sentisse sozinha, eu estou aqui por ela e pretendo ficar para sempre, ainda mais agora que estamos deixando de lado nosso profissionalismo e nos aproximando como pessoas mas  a buzina do cara da pizza me corta e eu volto a lembrar que pedi pizza para nós.

Marie se levanta do sofá rápido talvez ate no automático e eu me levanto atrás dela não querendo perder o momento que estávamos tendo eu pego em sua mão entrelaçando meus dedos de volta aos seus também em um ato sem pensar. Ela se vira me olhando surpresa.

Digo e sua primeira reação é desviar o assunto, engulo um seco pensando se talvez eu tenha ultrapassado alguma linha, por mais que eu estivesse chegado ali como um colega de trabalho o clima entre nós fez minha cabeça se perder e agora eu estava tão confuso com meus sentimentos que estava agindo na impulsividade. Aceno com a cabeça e vou ate a porta pegar a pizza como me foi pedido, agradeço ao homem lhe pagando em dinheiro trouxa o preço da pizza e fecho a porta colocando ela sobre a mesa no mesmo momento em que Marie coloca o vinho na mesa.

Me sento a sua frente abrindo a pizza no mesmo instante em que ela me serve um copo, sorrio sentindo mais uma vez sentindo seu toque de mao ao meu, me arrepio e levo o copo a boca e no primeiro gole sinto o sabor fantástico de um vinho de qualidade que a muito tempo não bebia. Coloco uma fatia de pizza em seu prato e no meu e olho para ela.

Digo olhando em seus olhos, um silencio rápido fica entre nos pois acabo me perdendo em seus olhos claros por breves segundos dentro de nossa conversa, percebo o clima sem graça que deixo com meu comentário um tanto meloso, percebo que estou deixando minhas muralhas abaixarem com Marie e fico surpreso comigo mesmo por estar pensando de forma tão diferente na morena em questões  de semana. A duas semanas atrás a via apenas como minha chefe, durante o Ritual a vi como uma amiga ferida e agora estava confuso com o que estava começando a sentir.

Brinco tentando esconder os sentimentos novos que estão vindo a tona em mim com aquele jantar com minha atual chefe no Ministério. Como mais um pedaço de pizza tentando reorganizar meus pensamentos, não me lembro a ultima vez que me interessei por uma mulher tão linda e quem diria ser alguém que poderia me demitir se quisesse. Saio de meus pensamentos quando Marie diz algo

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Fazia algum tempo desde que eu senti borboletas no estomago, eu havia sentido com James, com Tiphaine e agora estava sentido ainda piores com Nathaniel. O que os três tem em comum? Conseguem me deixar nervosa em um bom sentido e também me fizeram gostar de estar perto deles. —Éhr... Mas vamos manter esta visita entre nós dois, eu tenho uma reputação de auror que morre de medo da chefe a zelar e você também de chefe mandona se não me engano – eu soltou uma gargalhada.

Pouso minha taça de vinho sobre a mesa enquanto pego um pedaço da pizza de dentro da caixa. – Prometo que sua chefe não ficará sabendo. Sei ser uma mulher bem discreta – digo e sorrio para ele. Apesar de esconder bem, eu era uma ótima leitora de pessoas, e podia dizer que o homem a minha frente estava nervoso, pelo menos tanto quanto eu estava. – trabalhamos juntos por tanto tempo, e só agora estamos nos conhecendo fora do âmbito profissional – eu me arrependi da forma que estava tentando introduzir o assunto, mas algo em mim queria saber se ele era comprometido – quero dizer... é bom que estejamos nos conhecendo não é? – eu disfarço minha cara de “o que você esta fazendo”.

Eu ponho mais vinho em nossas taças, enquanto tento formular uma pergunta decente, que me traga a informação que eu quero, mas sem que isso deixe o clima constrangido. – Você mora aqui com sua família? – era o melhor que havia conseguido.

Ajeito me no sofá de forma que todo meu corpo esta naquele pequeno cubinho que costumamos sentar. Não existe nada além de um assento separando Nathaniel de mim. Logo ele me responde.  

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O clima esquenta por alguma razão entre nós dois e começo a sentir calor enquanto escuto Marie nervosa como eu tentando se manter profissional, mesmo ficando claro para mim que ela esta sentindo o mesmo que eu, ou eu estou ficando louco. Sorrio com sua pergunta final sobre família, talvez minha enorme atração na morena tenha feito eu criar tanta fé de que ela estava na mesma vibe que eu. Tanta fé que nao me poupou coragem quando decidi abrir minha boca.

Digo me mexendo no sofá me aproximando de Marie em cada parada em minha frase que fui dando e quando a termino estou bem próximo da morena com um sorriso preso ao rosto, sentando ao seu lado enquanto deixo minha taça sobre a mesa a nossos pés e mantenho meu olhar colado ao seu. Marie era minha chefe, podia ate interpretar-me errado mas eu nao iria perder uma chance quando vinha que tinha. Esta em meu sangue lutar por tudo que desejo na vida e naquele momento de minha vida, eu estava desejando a morena a minha frente.

Pergunto no final deixando a voz tremular um pouco talvez eu esteja mexido demais com a morena, acabo deixando cair facilmente minhas defesas e a coragem toma conta por um milésimo de segundo e aqui estou eu, em meio a um silencio a espera de uma resposta que eu torço nao ser ruim mas o medo começa a me domar e eu puxo meu copo da mesa e bebo o liquido todo de dentro dele voltando meu olhar para Marie que parece ainda estar decidido o que vai falar ou dizer. Começo a suar frio quando a mesma faz ou diz algo para mim.  

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Ele havia percebido meu nervosismo, sua resposta com certeza sanou minhas duvidas de forma extremamente direta, e isso me fez soltar uma risada leve, como a tempos não fazia. Ele se aproximou de forma nada sutil ou sequer gradativa, eu estava entendendo as intenções e o achei de veras corajoso por se interessar logo em mim, mas eu não podia culpa-lo eu estava interessada e demonstrando isso. — E minha chefe? – ele diz chamando minha atenção. E suas palavras seguintes me deixam surpresa.

Eu sorrio, sem jeito dessa vez, e pousei minha taça vazia na mesa. – Está me pergunta se eu estou solteira ou se eu estou interessada em você? – eu mantenho meu olhos nos seus, eu sabia exatamente o que ele queria perguntar, mas eu precisava avaliar mais aquele terreno que para mim era novo, e é obvio que se ele quisesse mesmo qualquer coisa comigo precisaria entender e saber se conseguiria lidar com talvez meses de estresse pós traumático.  

Eu solto mais uma risada ao ver sua cara de nervosismo com a minha pergunta – Desculpe, eu tenho um humor diferente dos outros seres humanos normais. – eu digo e vejo suas feições relaxarem um pouco. – Bom, eu duvido que seu primo seja feio uma vez que está de certa forma relacionado a você. E respondendo a sua pergunta, estou apenas solteira... Acredito que estou um pouco velha para brincar com o coração alheio. Quero alguém pra... como que os casais de antigamente diziam? – eu esqueço a menção clichê que estava pensando e tiro um segundo para me lembrar dela. – Ahh sim... Quero alguém para juntar os pares de meia – digo e sorrio para ele.

Eu estava me aproximando gradativamente do corpo de Nathaniel, eu não tinha certeza do que podia estar sentindo no momento,  mas estava segura, ele pelo menos estava me passando toda essa segurança. Eu deixo minha mão encostar em seu braço, apenas para que ele tivesse completa noção do que eu iria fazer, sem pega-lo de surpresa. Minha mão sobe por seu braço até se envolver em sua nuca. Deixo meu rosto se aproximar do seu lentamente até que nossas bocas se encostam.  

A sensação em meu corpo era de como se todas as borboletas que estavam em meu estomago estivessem sido libertadas e agora se espalhassem por todo meu organismo, me deixando com a adrenalina mais forte. O beijo, que já não estava mais tão lento, toma ritmo e frequência,  minhas mãos que estavam antes só em seu ombro e pescoço agora se enrolavam nas pontas de seu cabelo mantendo o ritmo em que estávamos.

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Primeiro penso ter lido completamente errado a situaçao, sinto o suor frio me bater pensando na besteira que havia feito em dar em cima de minha chefe sem pensar duas vezes. Estava para me desculpar quando Marie gargalhou me confundindo ainda mais ate que percebo que ela esta descontraída e nao incomodada com minha chegada em si. Olho para sua boca quando ela começa a falar, estava tentado a beija-la mas estava ainda inseguro. Eu havia me aproximando e agora era a morena a minha frente que se aproxima de mim enquanto fala sobre o que procura em alguem, sorrio vendo minhas qualidades sendo citadas.

Falou quando bem próxima a mim, deixo um sorriso leve claro em meu rosto para mostrar o quando estou gostando daquela situação por mais nova e rápida que estivesse sendo. Ela toca em meu braço e eu me surpreendo deixando que ele suba ate meu pescoço, olho em seus olhos enquanto a vejo aproximar seu rosto e desço o olhar ate sua boca, eu estava com desejo e saber que ela também me deixava em ecstasy. Quando nossos lábios se tocaram eu me permito fechar os olhos para focar na sensação em beijar a mulher mais linda que já mandou em mim no trabalho. Coloco minhas mãos em sua cintura inicialmente bem leve mas ao decorrer com que o beijo ganha ritmo eu firmo mais uma de minhas mãos em sua cintura e a outra começo a fazer carinho em suas costas.

O ritmo do beijo em um determinado momento acelera e eu pego pelo momento de fervor começo gradativamente a empurrar Marie para trás deitando ela aos poucos no sofá de forma em que estou por cima dela continuando o beijo em um ritmo mais intenso. Com os olhos fechados e as sensações intensas minha mente vaga pelas memorias de Marie e de suas perfeiçoes, cada detalhe seu que eu nunca imaginei ter registrado em minha memoria ate agora. A morena solta um suspiro entre o beijo e por algum motivo minha mente relembra os acontecimentos anteriores ao beijo e lembro da morena em crise e o vinho, começo a me perguntar se ela nao se arrependeria disto quando um pouco mais sóbria. Me afasto do beijo me erguendo um pouco de cima dela que abre os olhos olhando para mim. Me reperdo em seus lindos olhos por alguns segundos mas volto a realidade me sentando no sofá mas ainda de frente para a morena deitada.

Comento me forçando a pontuar em minha mente que Marie acabou de passar por 3 meses de puro inferno presa em uma cela pequena, provavelmente prende-la contra meu corpo tenha sido uma ação errônea minha, deixado levar pelo momento posso ter estragado nosso momento ou pior ter deixado Marie desconfortável de alguma forma. A morena se aproxima de mim ficando meio deitada e meio sentada e eu crio coragem de olha-la e quando assim o faço ela diz algo.

Recomeçando Juntos - Trama Pessoal - Casa de Marie

Talvez estivesse levando a situação um pouco mais rápido do que deveria realmente ser, mas a companhia de Nathaniel e a conversa com ele fluía facilmente, era como respirar. Eu manteria nosso beijo na frequência que estava se não fossem pelos gemidos, infortunados, de dor que acabava por soltar sempre que tentava puxar mais ar para mantê-lo por perto.

Por mais que meu corpo e consciente quisessem manter Nathaniel mais perto, o homem se afastou, desculpando-se. Eu me ajeito no sofá, sentando-me novamente enquanto escuto sua voz exalar preocupação. – Não tem motivos para se desculpar. Afinal eu quem iniciou o beijo – eu digo e sorrio para ele. – Acho que espaço é o que eu não estou precisando. Olha o que eu fiz com todo o espaço que eu recebi nesta semana. – falei me referindo ao pequeno surto de mais cedo.

Eu sabia que o surto havia se dado no momento em que decidi ler os arquivos do ritual, e de meu sequestro, o que bom, ninguém deu muita falta até Nathalie roubar a horcrux do ministério usando minha forma. – De qualquer forma, acredito que Julie deverá me liberar na próxima semana para retornar ao serviço presencialmente – e ao dizer isso, percebo que eu queria conhecer mais de Nathaniel fora do serviço e não queria expor ele a nenhum risco que qualquer relação comigo pudesse trazer a ele. Limpo minha garganta com um pigarrear o que faz seu olhar em mim tornar-se mais atento. – Qualquer coisa que vier a acontecer com nós dois... se importaria de mantermos entre nós dois? – eu digo e vejo um “quê” de duvida se formar em seu rosto, e trato logo de me explicar. Me aproximo mais do homem, procurando segurar sua mão proxima de meu rosto enquanto falo. – Pode não parecer mas, ainda tem muita gente que me odeia, principalmente entre os comensais, e qualquer pessoa próxima de mim pode se tornar um alvo... e além disso, sabemos como as más línguas no ministério se comportam – baixo meus olhos sem realmente saber se Nathaniel entenderia ou não meu pedido.

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Olho cada detalhe de seu corpo mas por precaução, eu sei que Marie esta com alta de Hospital mas também sei que tortura cruciatus deixa suas marcas pelo corpo além de seus cortes, me reprimo em ter a machucado mas quando ela me informa que eu não preciso me preocupar ate por que ela iniciou o beijo, eu sorrio para a ruiva a frente olhando seus olhos um pouco deslumbrado, era algo interessante e assustador ao mesmo tempo sentir sentimentos por alguem com quem trabalho a alguns anos junto.

Fala e eu olho ao redor mais uma vez, nada que fosse novidade de alguns minutos atrás mas ela esta certa, espaço não estava sendo a melhor solução de fato, talvez uma companhia boa seja o que Marie precisa. Sorrio olhando Marie naquela noite pela primeira vez como pessoa ao invés de simplesmente minha chefe. Era uma mistura de sentimentos diferentes mas quanto mais eu a via fora do seu papel de minha chefe, mais eu me fascino pela linda mulher sentada no sofá a minha frente.

Brinco mostrando que não me incomodava o surto que ela havia tido, pelo contrario se ela não os tivesse tendo depois de tudo que passou, ai sim acharia estranho. Vejo-a sorrir e viajo ate a época em que eu era um simples adolescente, meus pais ainda vivos e como eu relembro como amava faz os outros sorrir. Poder fazer Marie sorrir aquece meu coração, uma habilidade que penso ter perdido no passado percebo que caminha junto a mim.

A ideia de existir algo entre nos me anima, em minha cabeça eu vibro em saber que não se passou por apenas um beijo no calor da emoção  e que sim Marie estava mesmo interessada a mim. Franzo minha sobrancelha quando a vejo pedir que o que quer que role se mantenha em segredo, primeiro me pergunto se não é por vergonha de ter algo com alguém de nível abaixo no Ministerio mas ela começa a explicar seus motivos e me sinto burro de não ter percebido motivos tão óbvios.

Depois de um ataque de comensais como o qual Marie sofreu, era previsível que a ruiva teria certo receio em abrir principalmente sua vida pessoal a alguém ate por que, com o Ritual falhado as chances de procurarem a auror para tentarem uma nova vez era grande. Falo um carinho com a mão que seguro em seu rosto e com a outra ergo seu queixo delicadamente interrompendo seu olhar para o chão e a forçando a me olhar. Em mim ela pode ver um sorriso calmo e compreensivo, encosto minha testa a sua como demonstração de lealdade.

Digo vendo em seu olhar surpresa, talvez por nao esperar que eu aceitasse com tanta calma e facilidade sua ideia de um relacionamento em segredo mas meu ser interior no fundo gostava da adrenalina que um relacionamento deste tipo pode trazer a mim.

Pergunto desta vez me atrevendo a começar o beijo, com minhas duas mãos em seu rosto agora eu volto a beijar Marie, sabendo que será um relacionamento escondido, aproveito o tempo que tenho aqui com ela antes que ela volte ao trabalho  e eu precise fingir que ela é apenas minha chefe e nada mais que isso. Quando me separo do beijo que inicio, Marie abre os olhos e se cruzam com o meu quando ela volta a dizer ou fazer alguma coisa comigo.

Recomeçando Juntos - Trama Pessoal - Casa de Marie

Confesso que meu coração deu uma batida descompassada com o alivio quando Nath aceita os termos que eu propus para nossa relação. Não era algo já planejado, mas algo que ambos estávamos dispostos a tentar. Era novo, e talvez assustador, já que uma vez antes nunca havíamos nos visto com esse tipo de desejo, mas há certos caminhos que não podemos discutir quando se segue. – Então você aceitaria eu explodir alguns comensais em prol de te salvar – eu comento e sorrio passando meus braços envolta de seu pescoço enquanto mantenho meus olhos nos seus.

Escuto ele ao dizer que uma relação as escondidas era emocionante, e até apimentavam as coisas. Eu não podia negar que seria de fato mais gostoso fazer as coisas com aquele receio de sermos pegos, como adolescentes bobos escondendo-se pelos cantos. Volto a sentir seus lábios nos meus antes que pudesse responder seu comentário, mas tinha certeza que meu olhar havia feito comentários suficientes. Era um beijo mais cauteloso, podia sentir que Nathaniel estava sendo cuidadoso com meus ferimentos e isso o tornava simplesmente um homem perfeito.

Nos separamos, e eu abro meus olhos lentamente e focalizo-o em Nathaniel que esta me olhando ternamente. – é muita loura pedir para você ficar por aqui hoje? – eu digo literalmente convidando-o para passar a noite. – Você pode... me acompanhar até o consultório de Julie pela manha e ir trabalhar de lá... se aceitar passar a noite aqui... comigo – eu passo minhas mãos pelas laterais de seu rosto, como se aquilo fosse o seduzir para permanecer comigo.

pizza, wine and a handsome man/ Marie - Lilith - John - Eliot - Emily - Nathalie - Alex - Nathaniel

RECOMEÇANDO JUNTOS

Pude sentir meu coração dar um pulo quando a mulher a minha frente me pede que eu fique. Tento segurar meu sorriso mas se torna impossível quando ela reforça o pedido passando suas mãos em meu rosto. Eu aceno com a cabeça concordando com seu pedido e deixo meu copo de vinho vazio sobre a mesa e olho novamente para a maravilhosa mulher a minha frente.

Pergunto deixando meu sorriso a mostra e crio coragem e coloco minha mão sobre sua coxa, acompanho ela olhando para meu gesto e depois olhando em meus olhos com uma expressão de surpresa. Por algum motivo eu estava fascinado pela mulher a minha frente, tudo nela me encantava desde seu pé a cabeça. Saber que ela quer minha companhia para a noite me alegrava, pois era a primeira pessoa que tinha confiança em mim em anos. Me levanto do sofá e estico minha mão para ela, por mais que sua sala fosse aconchegante e bonita eu gostaria de conhecer o resto de sua casa.

Brinco rindo quando vejo que Marie não levanta no mesmo momento que eu do sofá e me pergunto se eu iria dormir em sua sala. Olho pro sofá pensando se seria uma cama confortável mas a resposta é negativa, volto meu olhar para a mulher a minha frente que começa a falar ou me leva para onde iria dormir.

Recomeçando Juntos - Trama Pessoal - Casa de Marie