Consultório de Danos por Magia

Depois de organizar alguns relatórios e dar algumas altas eu passei para ver Jack, o mesmo permanecia deitado em sua cama, não estava respondendo agressivamente ao tratamento mais sim sonolentamente o que era uma coisa que me preocupara bastante. – Manoel – chemei o enfermeiro que estava de plantão no momento. – Fique de olho em Jack, eu dei a ele um coquetel de animo, vamos ver como ele reage. Vou ir ao setor de dano por magia, talvez consiga ajuda por lá – o homem sorri e diz que espera também.

Eles estava no caso de Jack desde que o mesmo havia dado entrada no Mungus, então já fazia bons anos. Caminhei calmamente até o quinto andar. Parei a primeira pessoa do setor que encontrei. – Olá, onde consigo encontrar a Dra. Parrish? – logo me foi apontada uma direção, que segui de prontidão.

Bati na porta, pedindo permissão para entrar. Quando foi concedida, girei a maçaneta da porta e adentrei seu recinto. – Me desculpe se estiver atrapalhando – digo sorrindo para a mulher a minha frente. Recentemente havíamos trabalhando juntas, se é que podia chamar de trabalho juntas, apenas passei a ela informações sobre um paciente que havia sido claramente envenenado. – Estou precisando de ajuda, ou quem sabe uma mente mais fora da situação que eu. – assim que a mulher me apontou a cadeira em sua frente eu aceitei e coloquei o prontuário de Jack em meu colo. – Eu tenho um paciente que fora a muito tempo torturado e levado a... bom, insanidade? – disse mais em tom de pergunta, pois Jack se lembrava de tudo, ainda tinha sua opinião formada sobre algumas coisas – Ele tem alguns traumas pesados, foi obrigado a escolher entre suas duas irmãs para salvar uma só, a maldição cruciatus fez um belo estrago junto com outros feitiços. – eu entrego a Malia o prontuário do Jack.  – Eu tenho formação em psicologia e psiquiatria bruxa e trouxa, me da alguma vantagem, mas  Jack saiu do modo agressivo para o sonolento em questão de dias. Eu mudei já as dosagens de seus medicamentos, mas sinto que ele esta desistindo – eu digo enquanto a loira lê o que consegue do prontuário. – Estou gritando por ajuda, ou uma ideia, uma luz que seja.

Eu olho para ela e me culpo por um segundo. – Me desculpe, estou aqui meio que desabafando sobre um paciente e nem sei se você tem tempo para me ajudar... – iria continuar mas a moça logo me interrompe.

No fundo eu sabia o resultado. Jack estava bem, em sua realidade. Naquela que ele havia criado para fugir dos danos reais causados por Robert. Não existia mais aquele Jack que estudara comigo, não haveriam tratamentos trouxas possíveis e suficientes para tratar de uma maldição que destruíra a essência de Jack.

Apesar de tudo, as palavras de Malia eram dolorosas. Eu estava perdendo muito com aquelas afirmações, havia prometido a Emily, traria seu irmão de volta. Talvez, eu não desse ter prometido a ela o que claramente eu não podia cumprir. – ...eu sinto muito – fora a única coisa que eu realmente prestei atenção do que Malia estava dizendo.

Todos os planos que havia feito para o tratamento de Jack, deveriam e iram ser repensados. Tirá-lo do mundo que estava confortável era por ele próprio em risco.  – Talvez eu tenha chego com uma solução meio tarde – eu digo encostando-me na cadeira. – Jack é como um irmão sabe. É difícil aceitar que talvez seja hora de parar. – Baixo meus olhos. Era extremamente excruciante a dor de não ser útil o suficiente para salva-lo. – Bom, terei que pensar em novos tipos de terapia, talvez uma que não envolva seu passado... Que apresente a ele um futuro, se é que ele algum dia vai ter um fora do hospital. – Digo sorrindo levemente para Malia.

Fui capaz de controlar as lagrimas que ameaçaram escorrer por meus olhos.  Me recompus e respirei fundo, a área de Malia era trabalhar os danos por magia, o meu era trabalhar aquele que fora danificado então tive uma ideia interessante. – Você... aceitaria me ajudar com o futuro tratamento de  Jack? – era interessando como meu cérebro jamais aceitava perder, sempre havia uma ideia ou outra pipocando entre meus neurônios.

Fiquei animada assim que Malia aceitou. Apesar de meu apelo ter sido muito mais pessoal do que profissional estava feliz por finalmente ter uma outra mente me ajudando a desvendar a de Jack.

Malia começou a me falar sobre um livro que tratava da mente bruxa, era um livro que eu tinha em minha coleção, mas como o comprara recentemente não havia tido a oportunidade de lê-lo. Malia explicou uma das terapias envolvendo familiares, Emily é claro adoraria participar de qualquer tratamento que fosse quando se tratava de Jack. Assim como Malia o livro também dizia que o contato constante coma família podia traze-lo de volta a nossa realidade. — Acha que consegue reunir a família dele para uma ou duas sessões? Ou algumas pessoas que ele considere importante? – perguntou a loira enquanto eu analisava o final do texto. – Consigo a irmã. Mas posso tentar conseguir a mãe também, ela entrou em negação depois que viu o estado de Jack – eu até chego a dar de ombros, eu não conhecia muito sobre a ausência de Alexia, ela havia mudado tanto depois da batalha, ela jamais deixaria seus filhos, e no entanto havia deixado Jack.

Em um ano ela não o visitou nenhuma vez, diferente de Emily. Todos os meses, de duas a três vezes ela estava com ele. – Eu vou propor a Emily essa nova proposta de terapia. Além da família, vamos precisar do que? Eu posso solicitar ao Ed... Vice-diretor Summiregis – se fossemos precisar de materiais para a terapia exclusiva de
Jack eu teria que conversar com Edward diretamente.

Minha tentativa de não expor minha aproximação com Edward dentro do Mungus estava arruinada. Na verdade não duraria muito pois logo as pessoas que estudaram conosco iriam começar a se lembrar de nosso relacionamento na época de Hogwarts.

Me permiti pensar em Edward por alguns, poucos, segundos. Ele havia viajado logo depois de nosso acerto. Haviam coisas sobre sua irmã, novas descobertas que ele precisava ir atrás e saber a fundo, eu não tinha o poder de pedir para que ele ficasse, não era justo tirar a possibilidade de ele a reencontrar se ele ainda estiver viva. Solto um suspiro, era um assunto muito delicado. Eu pego em um dos bolsos de meu jaleco a caderneta, qual eu anotava todas as ideias que tinha com relação ao tratamento de Jack.

Comecei a escutar alguns passos rápidos, algumas respirações pesadas, e como a minha, a atenção de Malia também fora capturada pela movimentação fora do escritório. A pergunta de Malia me pegou de surpresa e não pude impedir o rubor em minha face. Merda! Pensei. Edward era como a minha criptonita. – Eu posso também conseguir os ingredientes para a poção – digo sorrindo, não estava querendo comprometer mais minha situação, apesar de Malia me parecer alguém muito digna de confiança. – Quanto ao Bezoar, vou tentar falar com ele assim que ele voltar.. de onde quer que ele esteja.

O barulho fora da sala começou a ficar mais alto, algumas pessoas começaram a erguer seu tom de voz. Eles haviam esquecido que isto ainda era um Hospital? Questionei-me silenciosamente enquanto meu olho fitava a porta. – Seu setor é sempre movimentado, deste jeito? – olho rapidamente Malia que nega com a cabeça. – Isso definitivamente está estranho... consigo ouvir gritaria vindo dos outros setores – eu digo, mas não sabia se ela conseguia ouvir também, ou se eu estava conseguindo distinguir por conta de meu vampirismo e seus privilégios.

—  Comensais estao atacando, precisa tirar seus pacientes dos quartos, nao sabemos que alas eles vão tentar atacar – as palavras de malia por um misero segundo fez meu posto por inteiro travar. Comensais mais uma vez interferindo em algo, num lugar qual eu amava, custei a acreditar que estava passando por isso novamente.

Com um súbito de adrenalina me levanto, cruzo meu olhar com de Malia, de todas as alas do prédio a minha de fato era uma perigosa, eu trabalhava com psicopatas, esquizofrênicos entre outros tipos de pacientes que dada as circunstancias era melhor deixa-los por ali e não liberta-los. Precisava os proteger e também proteger as pessoas ao nosso redor. – Devemos proteger todos – digo vou caminhando em direção a porta – se ainda estão no saguão temos tempo de pedir para que avisem os outros setores ainda desinformados – volto até a mesa de Malia pegando a ficha de Jack. – Vou ao meu setor ver como as coisas estão por lá e manter meus pacientes sedados e os funcionários alertas – a loura apenas acena a cabeça em confirmação de volta pra mim e saio dali correndo, torcendo ara não me encontrar com nenhum dos comensais no meio do caminho ou até mesmo em meu setor.



Interação com Malia H. Parrish finalizada - dia do ataque dos comensais da morte